sábado, 8 de novembro de 2008

Mulheres na Administração Pública

Administração Pública: Mulheres em minoria nos cargos de topo
18 de junho de 2007 às 11:05
Diariodigital

A situação só se inverte no topo, onde as mulheres representam apenas 34,5 por cento dos trabalhadores com um ordenado ilíquido superior a 5200 euros, que é o que ganha, por exemplo, um director-geral, explica a coordenadora do estudo, Helena Rato.O domínio dos homens no topo da hierarquia salarial é «particularmente evidente» nos ministérios da Defesa, Turismo, Ambiente e Segurança Social, onde, de acordo com os dados de 2004 da Caixa Geral de Aposentações, simplesmente não há mulheres com salários ilíquidos superiores àquela fasquia.O estudo «A igualdade de género na administração pública central portuguesa», o primeiro sobre igualdade de género no sector, fala de uma «dupla assimetria»: há um défice global de presença masculina e uma «clara sub-representação de mulheres» no topo. Porquê? Sobretudo, diz Helena Rato ao Público, «porque as mulheres têm menos disponibilidade de tempo, porque a carga das tarefas familiares concentra-se sobretudo sobre elas e porque elas se sentem mais responsáveis por não dar assistência à família».Ou seja, «mesmo quando a oportunidade existe, as mulheres desistem muitas vezes de evoluir» na carreira porque ser dirigente implica «uma disponibilidade de tempo total».A equipa de Helena Rato analisou ainda as respostas de 2202 técnicos superiores e dirigentes a um questionário.Os dados relacionados com o uso do tempo na esfera privada, no grupo de inquiridos com filhos até aos 14 anos, confirmam que as mulheres-mães-profissionais estão também incumbidas de boa parte das tarefas domésticas: 63% dizem gastar pelo menos uma hora por dia com as mesmas, contra 22,6% dos homens; 14,8% gastam pelo menos outra hora a «levar/buscar à escola as crianças», contra 7,5% dos colegas do sexo masculino que relatam o mesmo dispêndio de tempo.Mais surpreendente é que só uma pequena minoria (2,4%) das mulheres diga gastar mais de três horas por dia a prestar «cuidados a crianças pequenas». Entre os homens a percentagem é ainda mais diminuta (0,5%). Quase um terço das mulheres e 52% dos homens contaram que não realizam de todo essas tarefas ou só o fazem ocasionalmente.Helena Rato diz que pode ter havido «diferentes interpretações», por parte de quem respondeu, sobre o que são «crianças pequenas» — «poderão, por exemplo, só ter considerado crianças pequenas até aos três anos e daí terem dito que não fazem essas tarefas porque têm filhos mais velhos». Mas, mesmo assim, não se pode deixar de ler nos números a «falta de tempo que as pessoas têm para dedicar à família».Mais um dado: 17,7% das mulheres e um quarto dos homens disseram que não brincam nem acompanham os estudos dos filhos ou só o faziam ocasionalmente.Quanto ao «exercício de actividades inerentes à prática da cidadania», é quase nulo. Há 81% de homens e 62% de mulheres que dizem não ter qualquer participação.